sábado, 7 de julho de 2012

O aventureiro

Olá, Cláudio! 

Quanto às tuas perguntas aqui vão as minhas respostas:

1- Reconheceram-te as tuas habilitações?
Sim, sem problema. O Tratado de Bolonha veio facilitar essa parte. E depois, aqui valoriza-se muito mais a experiência profissional que se tem do que propriamente o canudo :) Não te deixes amedrontar com a história do diploma. Claro, convém saber explicar porque foste para aquela escola. Dar uns créditos à escola que te deu a formação, mesmo que penses que não mereça assim tantos... Eu estudei na Universidade de Coimbra e sempre a tive em muito baixa consideração. Foi preciso vir para a Alemanha para dar todo e qualquer crédito à Universidade de Coimbra. Agora, longe de Portugal e passados alguns anos, vejo que a minha formação é óptima. Não fica aquém de nenhuma aqui na Alemanha, e até me atrevo a dizer que é muito melhor do que muitas universidades conhecidas por aqui.
Não tenhas medo. Onde estudaste não vai ser entrave para conseguires emprego. Mas não esquecer de "dar lustro" à escola onde estudaste ;)

2 - Achas que nós, portugueses, estamos preparados para o grau de exigência de outros países europeus, a nível de competências?

Sem dúvida NENHUMA! Soubesse eu o que sei hoje, sentisse eu a auto-estima que sinto hoje... Nós os portugueses não sabemos dar valor nenhum ao que somos e ao que temos. Somos os mestres em nos pormos em baixo, em pensar que ninguém tem uma vida tão má como a nossa. Somos, portanto, uns totós! Aqui, vejo cada caramelo com apenas um dedo de testa a dizer "que faz e que acontece"! E essa é a grande diferença. Eles sabem vender-se bem. Nós, temos orgulho de sermos portugueses, mas não sabemos vender isso. Eu demorei uns anitos a perceber isso. E todo o meu trajecto profissional foi o ideal para perceber que não nos falta NADA. Mentira! Falta-nos sim: autoconfiança. De resto temos tudo!
Por isso, não hesites. Se sentes que está na altura de mudar a tua vida, então, força! Aproveita a boleia da tua namorada francesa e vai à aventura! Mas não esquecer que aventura é isso mesmo: ir e esperar de tudo - o bom e o mau. Quanto ao bom, é aproveitar quando ele chega. Quanto ao mau, é estar atento e planear umas coisinhas antes de te mandares de cabeça. Há o aventureiro e o estúpido. O aventureiro vai à aventura, mas sabe (ou pelo menos tenta saber) os riscos que corre, prepara uma estratégia, define os seus pontos fortes mas também os fracos, e previne-se para que, se houver uma queda, não se magoe tanto.