sábado, 5 de novembro de 2011

Carta ao Jorge

 Como é a vida na Alemanha?

Depende muito da nossa maneira de ser (se somos pessoas abertas a novas culturas), da nossa formação (se temos um diploma de uma formação que é precisa no mercado de trabalho), da nossa capacidade de falar outras línguas (se aprender alemão nos dará algum gozo), da nossa expectativa monetária (se pensamos que em 2 anos estamos a comprar o tal Mercedes), etc..

A vida de imigrante pode não ser fácil se teimarmos em não nos conformarmos que não estamos em casa, mas que é possível viver assim. Longe de casa. Haverá sempre alguma coisa que "não está bem", que não sabemos explicar o que é, e por isso, nos poderá tornar a vida menos agradável num país estrangeiro. Que fazer? Aproveitar o tempo para absorver o que a sociedade onde estamos inseridos tem de melhor. Ponto! Não vale a pena viver a pensar no que funciona mal, no que funciona melhor no nosso país.
O que me empurrou para sair do país foi a vontade de ver "mais", para além da nossa fronteira com Espanha. 

Mas se pudesse, voltava para Portugal. "Se pudesse"... Eu posso, a qualquer momento. É uma questão de escolha. Neste momento consegui o trabalho que sempre sonhei. Ganho bem, tratam-me bem, trabalho num projecto inovador, estou perto do marido e amigos (não tenho de mudar de cidade). Conseguiria isso em Portugal? Não. Compensa estar longe da família e amigos para poder ter este tipo trabalho? Para mim, por enquanto sim. 


Na verdade, hoje em dia, compra-se um bilhete para Portugal a 98€, ida e volta, directo. E é suficiente para matar as saudades, ir umas três vezes a Portugal, por ano? Para mim, não. Mesmo assim, pretendo continuar na Alemanha? Sim. Posso ter crescido a pensar que o futuro era um conjunto de certezas. E isso deu-me a segurança necessária para arriscar (se não funcionar, sempre posso voltar atrás), e principalmente, deu-me equilíbrio emocional para recuperar das rasteiras que a vida me pregou
Porém, o mundo mudou. Aliás, está em constante mudança. O que demorava décadas a mudar numa sociedade, há cem anos, hoje em dia demora uns... Dois anos. A mudança tem sido a tal velocidade que apenas aqueles que se tornam "flexíveis e adaptáveis", se safam. E não foi sempre assim? Posso ter crescido a pensar que o futuro era um conjunto de certezas. Mas hoje eu sei, que essa certeza já não existe e jamais vai voltar a existir. 

Invejo aqueles que podem usufruir da minha terra, no dia-a-dia: o cheiro do café nas ruas, o sol de Inverno, a noite negra repleta de estrelas, o cheiro da flor de laranjeira numa noite de Verão, o orvalho nos campos verdes, as ondas do mar.
Porém, cada emigrante carrega uma história. Uma experiência. Cabe a cada um deixar-se passar pela experiência e tirar as suas próprias conclusões. Pelo menos eu nunca correrei o risco de dizer "se pelo menos eu tivesse tentado ir para outro país..." :)


(in O blogue que já devia ter sido escrito, 05/11/2011)

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Candidatura - check list

  1. Foto tipo profissional;
  2. CV, máximo duas páginas;
  3. Certificados de todas as formações escolares;
  4. Certificados de todas as formações profissionais;
  5. Certificados de conhecimento de línguas estrangeiras;
  6. Cartas de recomendação de todas as empresas onde se trabalhou / trabalha;
  7. Carta de apresentação;
Links de interesse:
http://dicastrabalhoalemanha.blogspot.com/2011/07/o-curriculum-vitae.html
http://dicastrabalhoalemanha.blogspot.com/2011/08/carta-de-apresentacao.html
http://dicastrabalhoalemanha.blogspot.com/2011/09/insucesso-na-procura-de-trabalho.html
http://www.metaljobs.net/checklist-for-success/

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Insucesso na procura de trabalho

Olá, Filipe!

Em vez de me perguntares sobre empresas que estejam a precisar de engenheiros (se soubesse, já tinha usado essa informação para mim, né? ;) ), que tal perguntares a ti próprio porque é que a tua estratégia para arranjar emprego não está a funcionar?

Pelo que eu percebi, também tens estado a tentar a tua sorte e não tens tido sucesso.
Mas porquê esse insucesso? Já te fizeste essa pergunta? Pouca oferta para engenheiros civis? Pouca sorte? Tens um CV fraco? E fraco em quê? Na tua formação (duvido...), na tua especialidade, na tua falta de experiência, ou apenas na maneira como redigiste o CV?

Se já mandaste CV e nada aconteceu, não é por eu te dar o nome de empresas que precisam de engenheiros, que tu vais arranjar emprego... Porque há qualquer coisa que não está a funcionar, no teu caso. Porque as empresas estão SEMPRE à procura de pessoal. Bem sei que não é fácil para engenheiros civis arranjarem emprego no estrangeiro. Eu que o diga! Porém, pode ser que, no teu caso, seja apenas um problema de redacção de CV e carta de apresentação.

Vamos lá ver se eu te consigo orientar na tua estratégia:

1. Chamam-te para entrevistas? Ou nem a essa fase tu passaste? Se não tens recebido convites para entrevistas, então é porque o problema está ou no CV ou na carta de apresentação. Na maneira como estás a fazer esses dois documentos. Eles são o teu cartão-de-visita. O que te abrirá a porta de todo este processo que é arranjar emprego no estrangeiro.

2. O teu CV está bem redigido? Duas páginas, sem erros ortográficos, com foto apresentável (profissional)? Fala resumidamente dos teus pontos fortes? Tens morada portuguesa ou do país para onde queres ir trabalhar? E que tal arranjares contacto telefónico (um cartão de telemóvel) do país para onde queres ir, e escrever esse n° no CV? Já deste a algum amigo, professor para ler o teu CV e dizer o que acham?

3. A tua carta de apresentação está bem redigida? Meia página de texto no máximo, parágrafos claros, sem erros ortográficos, onde dizes "o que queres", "porque queres" e "porquê naquela empresa"? Já deste a algum amigo, professor para ler e dizer o que acham?

4. Cartas de recomendação? Tens? De empresas anteriores, professores, colegas?

5. Concorres para posições onde precises de comunicar bem e muito, tipo direcção de obra? Se sim, só tens hipótese em grandes empresas, esquece as pequenas e "familiares".

6. Ou concorres para projecto? Neste caso devia ser-te muito mais fácil arranjar alguma coisa se já tiveres experiência. O teu inglês deveria ser suficiente, por agora, para pelo menos receberes um contacto por mail. Desde que tenhas experiência a trabalhar com programas de dimensionamento normalmente conhecidos... Se não tens experiência, então esquece. Só se acabaste o curso há pouco tempo...

7. E tu sabes o que é que queres? Ou andas a candidatar-te para todo o lado a ver "quem é que te agarra?" Essa não funciona... Porque eles querem pessoal decidido. Eles topam logo se uma pessoa "quer é sair do país de origem" ou se querem trabalhar na empresa porque sentem que poderiam "vestir a camisola".

Dica: pega no teu CV e carta de apresentação e vai até uma empresa de recrutamento em Portugal perguntar se está bem, se falta alguma documentação, se está bem redigido, enfim... O que tens de fazer para conseguir ser "notado" por alguma empresa. Nem que tenhas de pagar para te fazerem essa avaliação. Será um bom investimento. Aqui estao algumas empresas que te poderão ajudar:

http://www.michaelpage.pt/index.html
http://www.atlanco.pt/Clientes/RecrutamentoSeleccao.aspx

Já agora, aqui ficam mais umas dicas:
http://dicastrabalhoalemanha.blogspot.com/

Informa-te, lê bastante na net sobre mercado de trabalho, estuda os países e as empresas.

Desejo-te um bom trabalho de pesquisa e muito boa sorte!

Ana

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A carta de apresentação

Lembro-me do meu amigo americano me explicar que o que se escreve na carta de apresentação não deveria aparecer repetido no CV. Um pouco difícil já que o CV é a nossa "história" e a carta serve para "nos apresentarmos" :)
Acabei por perceber o que me queria dizer: se no CV tenho que fiz um curso sobre energia solar, não interessa voltar a falar nele na carta, a não ser que seja mesmo importante salientar esse facto. Outro exemplo: se digo no CV que trabalhei como directora de obra, na carta poderei dizer que foi nesse trabalho que desenvolvi as minhas competências como gestora de projecto. Ou seja, é um escrever sobre o mesmo assunto, mas não repetindo as mesmas ideias e principalmente as mesmas palavras.

A carta deve ser vista como um cartão-de-visita. Como uma bibliografia curta de cada um, como é referido aqui. É a nossa oportunidade de nos apresentarmos como pessoa, e não apenas como mais um potencial trabalhador. Para além da experiência profissional adequada para uma certa oferta de trabalho, temos, em cada um de nós, mais-valias, muitas delas resultado de um processo de crescimento pessoal. As empresas (principalmente as grandes) procuram pessoas apaixonadas, diferentes, humanas, capazes não só de se encaixar no perfil da empresa, mas também de contribuir para um melhor desempenho da empresa.

Existem empresas que pagam, sim, as deslocações dos candidatos para entrevistas. Como também existem aquelas que não (mesmo sendo grandes empresas). Na carta de apresentação dêem a entender que são flexíveis. Aliás, e porque não, conciliar umas pequenas férias na Alemanha com várias entrevistas de emprego? Digam que estarão na Alemanha de dia tal a dia tal e que ficariam muito contentes se pudessem, durante esse período, ter uma entrevista.

Se tiverem alguém amigo a viver na Alemanha, peçam-lhe para colocar a sua morada no vosso CV. Há quem compre até um cartão de telemóvel alemão para poder colocar esse número no CV. Assim, o facto de se viver em Portugal, não será desculpa para a empresa vos eliminar logo à partida da lista de potenciais candidatos (a crise está aí. As empresas não podem pagar as deslocações a tudo o que é candidato, principalmente se esse candidato viver noutro país).

Se tiverem alguns conhecimentos de alemão, que assegurem pelo menos uma conversa informal, podem tentar enviar os documentos em alemão. Se não, apostem no inglês. Mas nada de erros ortográficos! E o esquema da carta deve ser, claro, conforme ditam as regras (nunca se deixou de usar o "Ex. mos Senhores," porque razão pensam as pessoas que podem começar uma carta deste tipo com "Caro colega," (como já vi muitos usarem)????)


Portanto:

1° Parágrafo: curta bibliografia - Quem são? Profissão e como chegaram até aqui, como profissionais (trabalhando numa pequena empresa no estrangeiro (Portugal), p.ex., onde vos foram solicitadas diariamente tarefas de gestão de vários projectos); onde estudaram (e porque não dar ênfase onde se estudou? Afinal, foi aí que começou a vossa formação como profissionais); acrescentar alguma informação relevante ao lugar a que concorrem (um curso relevante e porque o decidiram fazer);

Escolher duas a três experiências profissionais que sejam relevantes para a candidatura, e descrevê-las (uma por parágrafo) sucintamente por ordem de importância (da mais importante para a menos importante). Há quem diga que o tamanho do parágrafo deve corresponder à importância dessa mesma experiência.

Último parágrafo: explicar o que se quer com a candidatura, porque se quer, e porquê na empresa a que concorrem.

Agradecer pela atenção prestada, referir que documentos se encontram em anexo (CV, pelo menos) e dizer que estão disponíveis para qualquer esclarecimento. Podem também aproveitar e dizer que, estão a contar em estar na Alemanha (mais propriamente na cidade onde se encontra a empresa ;) ) do dia tal a dia tal, e que ficariam muito contentes se surgisse a oportunidade de ter uma entrevista.


P.s.: Vários exemplos de cartas de apresentação: em inglês e em alemão.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

O Curriculum Vitae


Já existe muita informação disponível sobre este assunto na internet. E quanto mais se lê mais se deixa de saber, afinal, qual o melhor esquema a utilizar. O melhor esquema não existe :) Como diria uma amiga minha, a que me ajudou a desenvolver o CV, "o CV é algo muito pessoal, e é importante que cada um se sinta bem com o resultado final". Mesmo assim, atrevo-me a colocar aqui a minha opinião, resultado de um longo processo de "tentativa-erro". Sim, sim... Já sei: fazer um CV não é assim tão difícil! :) Dirão muitos de vocês. Não esquecer que cada país tem o seu esquema, a sua maneira de apresentar a informação. E o que se pretende com este blogue é exactamente mostrar como se costuma fazer na Alemanha. Por exemplo, para mim, o modelo que o EURES criou para tentar uniformizar a apresentação de um resumo a nível europeu, é bom. Mas peca por ser demasiado longo pois tem (muito) espaço desaproveitado.
  1. Esquema simples, duas páginas no máximo (ex.: este, este ou até este). No meu caso optei por colocar mais informação no CV do que a que aparece nos exemplos apresentados (mas nunca ultrapassando as duas páginas) porque sabia que, numa entrevista, teria como limitação a língua alemã. Assim, adicionei alguma informação para que a pessoa que recebesse o meu CV o compreendesse melhor. E claro, para me facilitar a estruturar o meu próprio discurso numa entrevista.   
  2. Escolham uma experiência profissional do vosso CV que melhor se adeqúe ao lugar a que se candidatam. Acrescentem a seguinte informação, sobre essa experiência profissional, de forma curta e sucinta: Em que tipo de projectos estiveram envolvidos durante essa função? Que dimensão eram esses projectos (€)? Quantas pessoas estiveram envolvidas? Qual era a vossa aptidão mais requisitada? Qual era especificamente o vosso papel / função? O que aprenderam? O que aprenderam que pode vir a ser útil para a empresa a que concorrem
  3. Línguas: basta colocar em cada língua o nível do vosso conhecimento (básico / bom conhecimento / fluente / língua materna). Podem, se quiserem, especificar com "fluente na escrita e na fala", por exemplo. Nunca apresentei a tabela que aparece no Eures. Assim, poupei espaço e, na verdade, ninguém quer saber tão detalhadamente o vosso nível de conhecimento em cada língua.
  4. Foto: do tipo profissional. Esqueçam as carinhas larocas e brincalhonas. Estamos a falar de uma empresa que pretende ganhar dinheiro e a vossa apresentação, passará a ser um cartão de visita dessa empresa. Uma foto profissional dá credibilidade.
  5. Incluir sempre cartas de recomendação das empresas onde já trabalharam. Se não têm experiência profissional, peçam a um professor vosso. Cartas de recomendação da associação recreativa lá da terra, e até de amigos, também servem! Em inglês, claro :)
  6. Anexos: Certificados. Seleccionem apenas aqueles certificados que mais se adequam ao lugar a que concorrem. Aliás, há quem envie os certificados apenas quando lhes são solicitados.
Numa pesquisa rápida pela internet, encontrei este site onde podem fazer o download (kostenlos!)de um esquema de CV em formato .doc onde apenas têm de preencher os espaços em branco :) Reparem na foto da folha de rosto do CV (descontraída mas profissional). Podem optar por uma folha de rosto deste tipo (com foto e dados pessoais) conseguindo assim poupar espaço nas folhas seguintes.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Ferramentas e mais ferramentas

Eu compreendo que seja quase uma missão impossível dar a atenção devida a cada candidatura, por parte do responsável pelo processo de selecção de candidatos a uma oferta de emprego. Compreendo. Compreendo que como ser humano, esse responsável, tenha necessidade de desenvolver técnicas / tácticas / ferramentas para facilitar todo o processo. Já ouvi falar dos que eliminam candidatos pela fotografia (se houve empatia imediata, ou não), pela assinatura (se foi feita a tinta preta ou a azul), pelo número de páginas (mais do que duas, fica de fora), pelo tempo de preenchimento de formulários on-line, etc..

Agora, ferramentas como esta, põem por terra toda a minha motivação para concorrer a qualquer que seja o trabalho. Com a referida ferramenta o responsável pela selecção dos candidatos pode, posteriormente, passar a entrevista telefónica gravada para texto escrito e assim, procurar automaticamente palavras-chave que "espera" que o candidato tenha dito no seu discurso. Imagine-se se não encontra nenhuma das palavras que estava à espera...

Mas eles, os empregadores, é que mandam.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Primeiro: aprender a falar alemão.

"German authorities desperate to fill empty jobs needed to keep the economic upswing going are targeting professionals in crisis-hit countries like Spain, Greece and Portugal.

“There is great potential in Spain, thousands of engineers are unemployed, also IT specialists – the interest in Germany is considerable,” Monika Varnhagen, director of the foreign and specialist section of the German Labour Agency told Die Welt newspaper on Monday.

But she said there were often problems with the language, with only one in ten having even basic German. Although those looking for jobs in Germany were willing to learn, this necessity slows down the process.

“Or, alternatively, the employer in Germany accepts that someone who has little German knowledge but good English can join the company and get sorted out in situ. In our conversations with employers we are currently finding out how great the willingness is to depend on such people and to invest in them.”

She said her staff had already accompanied a number of German employers on a recruitment drive to Spain and that the first work contracts were being signed, with a further trip planned for September.

She said the next countries to be targeted would be Portugal and Greece. “In Portugal there are very many unemployed engineers but there are hardly any who are qualified and who speak German – the rate is less than two percent.

"In Portugal there is also a good training in care. There is great interest among carers for work in Germany. In certain circumstances we could find professionals for Germany hospitals and care homes.

“In Greece it is less about engineers than doctors. For Greek doctors Germany is interesting because they have to wait for a very long time in Greece to train to become specialists. Here in Germany they can do this training in four or five years and also work as doctors in hospitals. We have long been cooperating with Austria in this area.”

Daqui.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Carta à Teresa

"gostava de te perguntar se quando te mudas-te para aí sempre mantiveste a certeza que era Eng. Civil que querias exercer."

Quando eu me mudei para aqui, não tinha certezas de nada. E só mais tarde comecei a perceber que o tempo, afinal, não "passa" mas sim, "corre". E muito depressa. A aprendizagem da língua é lenta. Tudo passa a ser uma corrida contra o tempo pois, 2 meses sem emprego, passam a 5 meses e quando dás por ti, já passou um ano, e não sabes como justificá-lo no teu CV :) Agora tenho a certeza de que é como engenheira civil que quero trabalhar. Foi uma decisão que tomei desde cedo. Tive oportunidade de fazer de Babysiter, tirar cafés, e a cada momento que o fazia, a certeza do que queria, crescia: era como engenheira que queria trabalhar. Eu não saí de Portugal, para longe da família e amigos, para vir "ganhar dinheiro" (pois era isso que eu teria em troca se fosse trabalhar como Babysiter, e etc...). Eu vim porque senti que podia ser mais como engenheira civil. Sentia-me sim, encurralada e "injustiçada" por não ter tido a mesma oportunidade dos meus colegas. "Oportunidade" leia-se como "conhecimentos / boa rede de contactos / família no ramo". Sentia-me a embrutecer, como pessoa, só porque tive de ir para a obra (já que lugares como projectista e lugares em câmaras municipais estavam cheios demais para eu merecer um lugar). Foi a isso que me agarrei e não me deixei conformar. Li, estudei muito sobre o mercado de trabalho na Alemanha, tentei, fui a entrevistas, melhorei a minha performance, melhorei CV, melhorei alemão, e por aí em diante. Foi, sim, um processo de "melhoramento de auto-estima", acima de tudo. Porque eu tinha de saber vender-me como uma profissional. E eu estava completamente "bloqueada" pela experiência portuguesa. Que não nos deixa ver quem somos, e o que podemos ser, do que somos capazes.

Consegui trabalhar como engenheira civil, nestes 4 anos que cá estou, em duas empresas alemãs, e neste momento encontro-me em processo de selecção de candidatos para outras duas empresas. Foi um longo processo, sim. Mas o que consegui, consegui-o só por mim. Sem cunhas. Sem conhecimentos. Sem "mexer cordelinhos".

Mas tenho que dizer que nada seria possível se o meu marido não tivesse assegurado as contas durante os tempos em que estive desempregada. Essa é uma questão que vais ter de "tomar consciência": os homens, por si, tem menos complexos que nós, mulheres, em relação ao trabalho e auto-estima. Provavelmente, o teu namorado irá conseguir um trabalho primeiro que tu, sendo ele da área da informática (conheço pelo menos 4 engenheiros informáticos portugueses a trabalhar aqui e já me disseram que se eu fosse informática, já teria novamente trabalho...), e nessa área os conhecimentos de alemão não são assim tão importantes. A somar a isso, (imagino que estejas na casa dos 30 anos) a idade numa mulher conta. Podem dizer que não, mas a verdade é que conta. Agora andam a pressionar, aqui na Alemanha, para se mudar a lei e que se obrigue as empresas a terem cotas de mulheres trabalhadoras. Mas a verdade é que, até aos 33 anos, és sim, uma "possível mãe" e isso representa despesas para a empresa. Se uma empresa tiver de escolher entre ti e um homem, vai escolher o homem. Nada de novo para ti, portanto, como engenheira civil :)

Quanto ao "Dia da Alemanha", também eu fui ao Dia da Noruega, na "minha altura" :) Facilita o processo de selecção, claro, a existência de uma organização desse tipo. Mas funcionará se tu fores com a atitude certa - como se fosses para uma entrevista (!). Presta bem atenção no que te vou escrever: tu tens de ir lá "com tudo", desde fatiota à executiva, com segurança em ti mesma, a falar pelos cotovelos no teu fantástico inglês (já que alemão ainda não dominas), com um fantástico CV (nada de mais do que 2 páginas, e POR FAVOR esquece o CV em Europass!!!!!!! É só desperdício de espaço e informação), com vários exemplares tipo um para cada empresa (quantas empresas lá vão estar mesmo? Ou é uma agência de recrutamento geral?), e um sorriso à boa portuguesa de deixar todos derretidos com a sua simpatia. Estuda o mercado de trabalho que lá vai estar representado. Estuda as empresas que vão recrutar. Selecciona e estuda mais detalhadamente as empresas que te interessam. Tu tens de ir com "um passo à frente de todos os outros". Imagina as centenas de engenheiros que lá vão estar na mesma situação que tu...

E de resto, boa sorte!

Carta ao Miguel

Olá, Miguel!

Quanto à formação em algum programa, é pura perda de tempo pois cada empresa usa o seu software, e é impossível "adivinhares" qual o software em que deves investir. A formação em AutoCad que fiz foi para me "por a par" de desenho assistido por computador, já que pouco trabalhei com ele enquanto estudava. Não, na altura (há...8 anos) não existiam cadeiras chamadas "CAD", e sim, o pessoal tinha de pagar cerca de 300€ por cada nível de aprendizagem do bendito programa. E em direcção de obra não se passa grande tempo a desenhar... A formação que fiz em energia solar e eólica foi à minha conta (3.000€, exactamente) pois sempre foi assunto que quis aprender.

"que formação extra-curricular achas que devo tirar e que seja muito útil na Alemanha?": já deves ter percebido (algures num texto meu), que o "muito útil" que podes trazer contigo para a Alemanha é a tua formação académica. Mas o mercado de trabalho não é para tolos! Também aqui existe desemprego, e p.ex. um arquitecto, aqui, também faz algumas tarefas que o engenheiro civil.

Esquece a formação extracurricular! A não ser que queiras mesmo especializares-te numa área. Não penses na formação extracurricular como "uma porta fácil"... Eles percebem isso nas entrevistas ;)

As empresas querem pessoal "apaixonado" pela sua profissão. Que seja um prazer para as pessoas ir trabalhar todos os dias, sem estarem concentrados apenas no "que bom é ganhar o dobro que em Portugal". Todos sabemos que se gostarmos de fazer o nosso trabalho, trabalhamos com muito mais dedicação. O mercado está assim, competitivo. Porque somos muitos a procurar o mesmo. Porque as coisas mudam. O mundo mudou. É isso que tens de perceber! Ninguém está interessado em ti só por seres mão-de-obra barata. Esses tempos já lá vão :) Queres vir mesmo para a Alemanha? Então põe-te a aprender alemão! Mostra que é isso mesmo que queres.

Sim, as multinacionais são sempre uma "porta maior de entrada". Muitas trabalham em inglês. Mas atenção, que mercados como Angola e Moçambique, não são propriamente mercados preferidos pelos Alemães. Eles não sabem lidar com esse tipo de "ambiente". Eles preferem países de leste como República Checa, Polónia, etc.. Porque aliás, metade da Alemanha, até 1990, aprendia russo na escola ;)

Espero ter ajudado nas tuas dúvidas.

Ah, e pára lá de "me engraxar os sapatos". Ajudo porque quero, de sapato engraxado, ou não :) Fica bem!

Carta ao Sérgio

Olá, Sérgio!

Eu ia jurar que já tinha escrito sobre os preços destes cursos :)

Mas eu explico-te: todas as escolas, públicas ou privadas, tem o tal Curso de Integração. Sim, é caro. Por exemplo, eu na altura paguei 250€/mês durante 6 meses. Frequentei a Rackow Schule que fica muito central, aqui em Hamburgo. Gostei muito. Apanhei pessoal jovem que veio para cá fazer um "curso de verão". O ambiente foi muito bom. Depois "o pessoal dos cursos de verão" voltou para a sua terra, e lá para Setembro, Outubro, começou a aparecer o pessoal imigrante, mais velho. Muitos já cá estão há 10 anos e nem escrever alemão sabem, embora o falem muito bem. E isso torna as aulas, por vezes, impossíveis, porque se estão a marimbar se aprendem ou não. O estado alemão manda-os para lá para tirarem o Zertifikat Deutsch, pago pelo governo. Ou seja, como não pagam, não lhes sai do bolso, estão-se nas tintas.

Os preços podem divergir, sim, mas está mesmo ligado com a qualidade das aulas :) Na minha turma éramos entre 15 a 16. E pagava os tais 250€. Sei de outras escolas, como p.ex. a Volkshochschule, onde se paga apenas 120€ / mês (acho), mas as turmas são até 30 pessoas. É impossível ter o mesmo ritmo de aprendizagem do que noutra turma mais pequena.

Tu podes candidatar-te para conseguir que o estado alemão te pague o curso. Mas não é certo de que conseguigas. Eu candidatei-me e entretanto até consegui que me pagassem, mas tinha de mudar de escola (para pior) e não quis. Mas esta questão, de pedires subsídio ao estado, devia ser tratado cá. Eu sei que as próprias escolas o podem tratar. Eu andei às voltas e voltas e afinal era só ter pedido na minha escola e pronto! (O imigrante está sempre a aprender :) )

Minha sugestão: como mesmo que se queira obter informações pelo telefone sobre isso, não é possível, pois os gajos só falam em alemão :) (quem trabalha para o estado não pode dar informações noutras línguas por telefone), se tiveres a possibilidade de vires à Alemanha (AH! Pois, isto é assim, em Hamburgo! Nos outros estados, não faço ideia se é igual!), informavas-te e pedias logo a candidatura para te pagarem o curso.

Se não tens essa possibilidade, e como estás apertado de dinheiro (500€ dá para viver, mas com curso de alemão.. Fica apertadito.), inscreves-te na escola mais barata (que dê as 25 horas semanais, 120 €/mês, ou qualquer coisa deste género. Duvido que arranjes mais barato, mas é sempre bom pesquisar na net), começas o curso lá, e enquanto isso, pedes que te paguem o curso na íntegra (9 meses) e se te aceitarem, aproveitas e mudas de escola ;) Para melhor. Até o podes fazer, o tal curso pago pelo estado, no Goethe Institut (melhor não há!).

Ana

Carta ao Sérgio

Olá, Sérgio!

A minha pergunta é apenas uma: achas pode é possível estudar aí ao mesmo tempo que trabalho (caso consiga encontrar)?

Quanto à pergunta que me fazes, a resposta é, sim, é possível porque normalmente o curso intensivo de alemão, para emigrantes, é de 5 horas diárias, das 10h às 15h (mais ou menos). Isto, no caso de quereres fazer um curso intensivo (na minha opinião, é o que vale a pena).

Se for um "curso de integração" que pretendes fazer, este tem a duração de 9 meses (era de 6 e prolongaram-no para 9) mas podes candidatar-te ao exame antes, se te sentires preparado para tal. E não, esse nível não será suficiente para teres uma conversa numa entrevista, em alemão.

Agora, a questão é a seguinte: quanto tempo pensas tu precisar para encontrar trabalho, mesmo? Em média (!), e até para os alemães, demora-se cerca de 4 a 6 meses... Se tiveres dinheiro para te poderes sustentar durante esses meses, fixe (atenção ao seguro de saúde!). Senão, vai ser complicado: aulas de alemão, trabalho e ainda procura de emprego... Mas nada de desistir!

Já que estás na área das estruturas e dimensionamento, podes começar por essa área, para procurar trabalho. Se bem que gabinetes de arquitectura / engenharia de edifícios existem mais no sul da Alemanha (mais perto do mercado do resto da Europa). O norte é mais para engenheiros mecânicos e electrotécnicos (aviões e navios).

Boa sorte!

Carta ao Paulo

Olá, Paulo!

Então, que sejas muito bem-vindo a Hamburgo!

Para te ser sincera, em Hamburgo é difícil encontrar seja apartamento ou quarto, em tão curto espaço de tempo. Não só porque as rendas são caritas e o que se encontra é pequeno em relação ao que se paga, mas principalmente porque existe um défice de oferta de habitações para alugar. Todos os dias se vêem construções novas, com apartamentos para alugar, mas essas não são para a carteira de qualquer um :) Claro que se escolheres algo mais fora do centro, tens maior facilidade de encontrar o que procuras.

Nós, quando andámos à procura de casa, ficámos chocados pois, no dia marcado para ver um dos apartamentos, apareceram, sem exagero, umas 50 pessoas interessadas no apartamento que íamos ver. Se nessas pessoas interessadas existem casais em que ambos tem trabalho, então um solteiro não tem qualquer hipótese. É melhor preparares-te! :)

Sugiro que ao mesmo tempo que procures apartamento / quarto definitivo, coloques a hipótese de alugar quarto apenas para os primeiros tempos. Para poderes ter mais tempo para procurar.

Este site é porreiro e um dos mais utilizados. De resto, como o alemão não é para ti um problema, basta ires à net e procurar outros sites com estes mesmos serviços.

Boa sorte e boa estadia por Hamburgo!

terça-feira, 12 de julho de 2011

Aqui está, por outras palavras

Como conseguir um trabalho na Alemanha.

E este texto também é muito interessante.

Pronto, todo o blogue é interessante :) e já se encontra na listinha aqui ao lado.

Onde Portugal é competitivo

Toda a gente sabe (ou deveria saber) que "Onde Portugal é competitivo é na mão-de-obra qualificada" (Augusto Mateus, in Público)

Só espero que não se chegue a este ponto.

(in O blog que já devia ter sido escrito, 06/06/2011)

Trabalho na Alemanha - Como NÃO pedir-me informações

"Ola,

Acabei de ver um post teu no site http://mindthisgap.blogspot.com/2009/01/ana-couto-engenheira-civil.html, a contares a tua aventura na Alemanha. Eu também sou engenheiro civil e como isto aqui em Portugal está complicado de arranjar trabalho, estou a ver se consigo arranjar trabalho no estrangeiro. Que dicas é que podes dar, especialmente ai na Alemanha, para eu conseguir arrajnar ai um emprego.

Com os melhores cumpreimentos"

p.s.1: É por isso que "só alguns" portugueses o hão-de conseguir. Outros, nem por isso.

(in O blog que já devia ter sido escrito, 20/05/2011) 

Dois milhões, dizem...

O que se comenta (*) por aí sobre a necessária mão-de-obra estrangeira qualificada, na Alemanha.

Aqui.

(*) Não esquecer de ler os comentários ;)

(in O blog que já devia ter sido escrito, 15/05/2011) 

Ora aí está tudo o que precisam

E em português. E esta, hei?

(hmm... Ou se calhar não... Lá está: o primeiro passo para encontrar emprego na Alemanha é aprender alemão. Ninguém dá nada a ninguém!)

(in O blog que já devia ter sido escrito, 16/04/2011)

Carta ao Marco

Olá, Marco!

E eu, antes de mais, quero agradecer-te pelo mail que envias, sem qualquer pergunta do género "como é que se arranja um trabalho na Alemanha?". É que 90% dos mails que recebo são com esta "pergunta simples" (como alguns até me escrevem).

Admiro-te por teres ido, e decidido pôr de lado (por enquanto ;) ) o canudo da universidade.

É triste chegarmos a este ponto em que pessoal com formação superior, para se aguentar, tem de pôr o canudo de lado. E não falo só no pessoal português, mas em geral.

Também os alemães estão a chegar lá, "ao ponto", de uma forma diferente: nunca veremos um engenheiro civil alemão a ter de aceitar um trabalho de servente para ganhar dinheiro, veremos sim, a preferência das empresas por um engenheiro civil português em vez de um alemão. Já referi aqui, neste blogue, que a formação académica de um engenheiro civil alemão, está cada vez mais "pobre", resultado dos cursos serem cada vez menos exigentes (palavras do meu antigo chefe alemão e, já agora, do partido da Sra. Merkel. Ou pensam que é só em número que somos precisos?). Muito menos exigente do que nas universidades portuguesas (por enquanto!). E essa é, realmente, a nossa arma. Também caminharemos para a situação alemã, em que os nossos postos de trabalho (engenheiros civis) em Portugal serão ocupados por engenheiros de outros pontos do mundo (como já acontece em outras áreas). Ainda lá não chegámos. Mas chegaremos!

Enquanto isso não acontece, há que aproveitar as brechas / oportunidades que aparecem, e continuar a ocupar os lugares que os engenheiros alemães não conseguem ocupar. Pelo menos, até se dar a Revolução da Geração à Rasca, em versão Deutsch. Até lá, enquanto eles andarem entretidos com formações profissionais e subsídios de desemprego, toca a aproveitar! Porque esta "mama", que anda a secar há já uns anos, vai acabar de vez!

Coitados dos meus putos quando perceberem que também a geração dos seus pais lixou a deles...
Mas isso, deixa-se para pensar depois, como temos vindo a fazer há pelo menos 50 anos em Portugal. É que a Esperança Lusitana tarda em morrer. E enquanto houver Esperança...

Felicidades e toca a desenvolver esse alemão ;)

(in O blog que já devia ter sido escrito, 28/03/2011)

Desempregada

Para quem ainda não sabe, voltei a ficar desempregada.
Os textos deste blogue sempre foram escritos com muito carinho e “energia positiva”… Para que o pessoal não perdesse a motivação de ir em frente e procurar novos rumos na sua vida, tal como eu fiz.
Mas a questão é que tenho recebido mails a pedir informação disto e daquilo, e se a empresa onde trabalho :) está a recrutar pessoal.
Acho que está na altura de contar mais um episódio da minha aventura por estas terras, principalmente agora que o partido a Sra. Merkel veio dizer que a Alemanha quer recrutar pessoal especializado português (e espanhol).

De Junho a Setembro de 2010 estive a fazer formação na área da energia solar e eólica. Formação esta que paguei na íntegra do meu bolso (3.000€ para falarmos de números). Nessa formação conheci pessoal alemão na mesma condição que eu, com formação superior, mas sem trabalho. Eu era a mais nova do grupo pois a faixa etária média devia rondar os 45 anos. Éramos uma turma bastante dinâmica e colaboradora, um ambiente que não estava à espera de vir encontrar numa acção de formação. Todos se ajudaram uns aos outros, deram dicas sobre como optimizar o projecto da equipa vizinha, e sugestões de como tornar as aulas ainda mais interessantes. As alegrias foram partilhadas, bem como as frustrações. E quando falo de frustrações refiro-me ao facto de pessoas com 45 anos, com família para sustentar, que foram despedidas e se viram obrigadas a começar tudo de novo. É, portanto, com este pessoal que nós, portugueses, temos de concorrer! Engenheiros civis, engenheiros electrotécnicos, arquitectos, técnicos de várias áreas, etc. (para aqueles mais distraídos que dizem lerem o meu blogue mas que insistem em escrever-me a perguntar este tipo de informação).

O fim da nossa formação em energia eólica coincidiu com a realização da maior feira de eólicas do mundo. Decidimos organizar-nos e deslocar-nos a Husum. É verdade, esta feira realiza-se na Alemanha mas não numa cidade como Berlim, ou Hamburgo, ou até Estugarda. Realiza-se numa cidadezinha, a 140 km de Hamburgo, para norte, chamada Husum.
Tudo o que se passa na área da energia eólica a nível mundial, se passa ali, durante uma semana, onde empresas como a Repower, Nordex, Vestas, Suzlon, Wind Power, …, se fazem representar.
A deslocação a essa feira tinha o mesmo objectivo para todos nós: apresentarmo-nos às empresas como pessoal especializado e disponível para trabalhar para qualquer uma delas. Íamos atrás de um sonho, o de conseguir trabalho numa grande empresa na área das eólicas.

Eu fui das únicas que consegui realizar o sonho. Numa das minhas investidas, contactei com uma das empresas e passado uma semana, tal como me tinham prometido, telefonaram-me para marcar uma entrevista.

A entrevista correu muito bem e ofereceram-me a possibilidade de começar com um estágio, remunerado, de dois meses. Aceitei, claro! A empresa dedicava-se apenas a dimensionar as torres eólicas e nada tinha a ver com produção de energia (assunto abordado na tal formação que tinha feito). Dimensionamento de estruturas era algo em que eu não tinha qualquer experiência profissional e o meu último contacto com tensões, resistência dos materiais, momentos de inércia, tensões de rotura, etc., tinha sido durante o meu curso na universidade. Há 6 anos, portanto.

Um mês e uma semana depois do início do meu estágio já tinha terminado a tarefa para a qual tinha sido contratada :) Os elogios vieram e a intenção de me ter na equipa para 2011, também. As minhas bases em matemática e física tinha-os impressionado, bem como a minha capacidade de procurar resolver os problemas com base na teoria, sozinha (a nossa maior vantagem, como portugueses: somos autodidactas. Obrigada, F.C.T.U.C.!). Várias foram as vezes que se viraram para mim e perguntaram “Tens dúvidas, Ana?” e eu respondia “Não. Pelo menos, por enquanto…”

Na véspera de ir para Portugal, passar o Natal em família, no dia em que pensava que ia conversar com o meu patrão sobre o meu contrato para 2011, recebo a notícia que afinal a empresa não teria capacidade financeira para me contratar porque iriam entrar em processo de insolvência.
Caiu-me tudo por terra…

Chegada a Portugal, sempre que me perguntavam como ia o trabalho, respondia sempre “muito bem!”. Só passado 3 dias tive coragem de dizer aos meus pais, que mais uma vez, estava desempregada. Porque na verdade fiquei sem forças para explicar e contar a mesma história, vezes sem conta… E quando se emigra, e se submete a ficar longe da família e amigos, é para se ir para uma situação melhor.

Pela terceira vez tenho de recomeçar o processo de encontrar emprego na Alemanha. Reescrever o CV, cartas de apresentação, estudar o mercado de oferta de emprego.

Portanto, se calhar é a minha vez de perguntar aos meus leitores, como tantas vezes me perguntaram a mim via e-mail, “não me arranjam um trabalhito?”

Agora que saiu a notícia que a Alemanha quer recrutar pessoal especializado português, já estou a imaginar a minha caixa de correio cheia de “pedidos de informação”.
Pessoal: a notícia não é novidade! :) E não diz nada de novo: países como a Alemanha sempre procuraram pessoal especializado, sejam eles alemães, tugas ou até chineses. A questão é que o pessoal alemão é caro e é pouco; aos chineses ninguém os quer ver nem pintados e são precisos na China para concorrerem com países como a Alemanha. Sobra o pessoal dos países do sul da Europa, que tem boa formação (que não fica atrás de nenhuma outra de um país do norte da Europa!) e que está à rasca, sem emprego, e por isso é pessoal barato. Mas qual é a novidade??? Foi preciso verem a notícia escrita no jornal para acordarem para a vida?

Agora, o caminho até ao mercado de trabalho alemão, ou até qualquer outro, faz-se “puxando pela cabeça”.

O pessoal aqui, na Alemanha, é exigente na recepção das candidaturas. Não é como em Portugal que existe sempre alguém que conhece alguém, que pode confirmar com um simples telefonema os dados que escrevem no vosso CV (quando não é por cunha…). Aqui a cunha, chamada Vitamina B, também existe. Mas essa é para os alemães :) Os restantes, como nós, temos de mostrar no papel o que valemos. E sobre essa matéria, neste blogue já existe muita informação. Por isso, façam o trabalho de casa, e por favor, não me entupam a caixa de correio electrónico com pedidos de informação e, principalmente, sobre trabalho! :D

P.S.: Estou mesmo a precisar de carregar as baterias… Há por aí alguém com “energia positiva a mais” que me possa transferir um bocadinho? Agradecida.

(in O blog que já devia ter aido escrito, 23/01/2011)

Carta à Cristina

Olá, Cristina!

A força para ir embora, acho que já tens :) Mas que posso eu dizer-te? Se tens acompanhado o meu blogue deves ter percebido que o caminho que eu fiz ainda foi "longo". Já encontraram empresas multinacionais onde se possa concorrer em inglês (para o caso de não falarem em alemão)? Se não se safaram com as empresas multinacionais, já começaram a aprender alemão para mostrarem aqui ao pessoal alemão que realmente vocês querem vir dar o "vosso contributo" a este país (é que essa é e sempre será a questão princip)?

Se tens acompanhado o meu blogue, deves ter "tropeçado" já com alguns posts com links de recrutamento. Obviamente que não existe "o site mágico" onde "um português arranja emprego de certeza", né? Faz o trabalho de casa, lê o blogue que as respostas que me pedes estão todas lá.

Eu entendo que estejam desesperados por encontrar uma porta de saída. Sei o que isso é, porque antes de vir para aqui também andámos um ano nisso. Podes então somar aos 3 anos de luta para entrar e permanecer no mercado de trabalho alemão, mais 1 de procura de emprego na Noruega, Suécia, Inglaterra, Alemanha (!), etc... Um processo de 4 anos não se resume a um site com "contactos de agências de emprego". O teu marido está a ficar doido com as horas na net? Sei bem o que isso é! Procurar emprego chega a ser, a certa altura, um trabalho a tempo inteiro! 10 a 12 horas sentada à secretária na net (e como se está em casa, passa de 12 para 14, muitas vezes!), a estudar como se deve escrever bem um CV, como são as coisas para cada país, estudar as ofertas que existem, etc..

Entendam o blogue que escrevo como "o empurrão" que vocês precisam para "cortar caminho e ir por atalhos" (coisa que eu não tive). Usem a cabeça e estudem estratégias: o que é que querem, porque querem, onde querem, como conseguir naquele país? E isso inclui, claro, até ler um pouco sobre o próprio pais, não só sobre o "quão baixo é o défice alemão e que bons ainda são os ordenados” (já agora, muito longe do que se pensa serem :) ), mas sim sobre qual a mão-de-obra anda a Alemanha à procura, qual o ramo em que existem mais hipóteses, etc.. As coisas não mudam muito em 4 anos, mas mudam. O que as empresas procuravam quando aqui cheguei pode não ser o que procuram neste momento.

Há 4 anos entreguei CV com 3 páginas (a modinha do CV Eures que afinal não serve porque ocupa muito espaço e as empresas não tem pachorra para ler até ao fim), hoje entrego com 2. E, e...!

Cristina, como já escrevi, para outros colegas nossos, eu não sei nada de especial que vos vai ajudar a encontrar emprego. Eu sou boa sim :P (e por isso também faço questão em escrever no blogue), a motivar as pessoas a, pelo menos, tentarem a alcançar os seus sonhos, a não desistirem, ao contrário do que acho que nos fazem sentir em Portugal: "tu és uma merda", "tens é muita sorte de ter um emprego", "se quiseres, a porta está aberta", etc.. Somos um povo com uma auto-estima baixíssima! E isso revolta-me, principalmente porque nos faz "emburrecer". Eu? Eu andava "emburrecida", sim, entretida com a "minha má sorte". Mas aprendi a lição, f***-**! E a partir desse dia, nunca mais ninguém me parou :D

Agarra-te à net. Agarra-te aos jornais de negócios. Agarra-te a contactos (como fizeste, e bem, ao contactar-me). Fala com as pessoas mas sem implicar o tão habitual "Ah e tal, vou escrever à Ana, e perguntar-lhe directamente sobre sites fixes de recrutamento". Já perdi a conta aos mails que recebi com essa pergunta ;)

Sei que não é fácil principalmente se ainda trabalharem 8h (10h?) horas por dia, pois a última coisa que apetece é ir para a net em casa depois de um dia de trabalho. Mas olha, agarra-te a isso com força, transforma a tua / vossa pesquisa num "desafio interessante" e não num "calvário". Não te sei dizer como se faz, mas eu consegui. E se eu consegui tu também consegues! (Principalmente se vais ficar desempregada e com mais tempo disponível). Partilha essa tarefa com o teu companheiro. Não deixes todo o peso / responsabilidade nele. É um peso demasiado pesado para se carregar sozinho ;) (e evita "pedras no sapato" na vossa relação)

Bjs e boa sorte!

P.S.: Vá... Não leves a mal! Isto é mais um "empurrãozinho" de quem quer ajudar! Mas que infelizmente não tem assim tantos contactos quanto isso :)

P.S.: Nada de desistir! Somos tão ou mais capazes do que os outros povos ;)

(in O blog que já devia ter sido escrito, 13/12/2010)

Carta à Gabriela

Olá, Gabriela!

Primeiro que tudo, deixa-me dizer-te que fiquei muito contente por teres conseguido realizar "o teu sonho" :) Então, já cá estás? Muito bem!

Ora bem, indo directamente ao assunto:

1. Sem saberes alemão, dificilmente terás trabalho na nossa área. A não ser que trabalhes para uma empresa multinacional, onde é possível trabalhar em inglês.

2. O curso de alemão que vais fazer, é o "Integration Kurs"? Quando o fiz, tinha a duração de 6 meses. Agora passou (pelo menos aqui em HH) a 9 meses, pois o pessoal tinha dificuldade em tirar o Zertifikat Deutsch (ZD) em 6 meses. Esse curso pode ser pago pelo estado. Basta candidatares-te a esse pagamento. Tens de te informar no Bundesamt ou então pergunta directamente na tua escola. Sê "espertalhonga" ;) e dedica-te a esta língua tirando o ZD nos 6 meses. Não esperes pelos 9 - estuda em casa e prepara-te para o exame. Fala com o professor e diz-lhe que queres tirar o ZD o mais rapidamente possível.

3. Depois do curso de alemão terás de continuar a aprender, sempre. Tandem é uma boa opção. Terás apenas de encontrar um/uma alemão/alemã que queira aprender português. Aqui é fácil de os encontrar. Procura associações portuguesas, ou associações alemãs que tenham interesse na cultura portuguesa. Foi numa destas (a última) que encontrei alguém para fazer Tandem.

4. Para encontrares emprego, é fazeres como farias se estivesses em Portugal: pesquisar sobre tudo na net. Escreve um bom CV, uma boa carta de apresentação e não esquecer de incluir as cartas de recomendação dos sítios em que trabalhaste (e não só). As cartas de recomendação são importantíssimas aqui (ao contrário do que se passa em Portugal). Ah, e tudo isto, de preferência em alemão :) Precisas de alguém que tenha como língua mãe o alemão, que te escreva estes documentos, nem que seja a pagar. É fundamental! Se preferires, podes contactar uma empresa de recrutamento em que pagues (até existem as que procuram trabalho por ti, também a pagar, claro. Se te arranjarem um emprego como engenheira civil, vais passar a ganhar bem, e será sem dúvida um bom investimento).

5. Deves ter a noção que o tempo, mesmo parecendo que passa depressa (pois estás num ambiente novo, rodeada de coisas novas por descobrir), é algo precioso. Usa-o bem. Planeia as coisas: que tipo de trabalho queres arranjar? Em quanto tempo? Quanto tempo tens para aprender alemão suficiente para arranjares esse trabalho? O que precisas de saber? (embora estejas a dedicar-te ao alemão, podes ir pesquisando na net sobre o mercado de trabalho alemão, etc.). Não percas tempo.

Não é possível dizer-te em quanto tempo ficarás a falar alemão, pois na verdade, o teu alemão nunca vai ser suficiente. E depois depende se és uma pessoa dada para as línguas, ou não. Esta língua tem umas regras meio manhosas. Dá a mesma importância a "escrever" como a "falar". Quando arranjares emprego terás de saber escrever, claro.

Desejo-te toda a sorte do mundo aqui por estas terras. É um país que sabe acolher os estrangeiros. Pelo menos aqui em HH fui muito bem recebida. Os alemães aprenderam muito bem a lição sobre "respeitar todos os povos", a serem tolerantes. Tomara que outros países tivessem esta lição tão bem estudada como eles :) Existem "Amts" para todo o tipo de ajuda ao imigrante. Pede ajuda. Pergunta, contacta com as pessoas, "abre a tua casa" para novos amigos, novos contactos ;) Se há coisa em que somos bons, os portugueses, é a receber as pessoas no nosso lar, e isso é coisa rara pelo norte da Europa. Usa e abusa desta nossa qualidade. Só te trará vantagens :)

Bem, espero ter ajudado, e bom fim-de-semana!

(in O blog que já devia ter sido escrito, 07/11/2010) 

Missão impossível? Nada disso!

Ainda antes de receber a carta de despedimento, já me “cheirava” que a tal crise iria sobrar para mim: o trabalho envolvido no projecto de investigação onde trabalhava não justificava as duas pessoas, eu e a minha colega. Uma de nós, mais cedo ou mais tarde, iria ser dispensada (para além da empresa de construção que estavam a tentar criar, motivo principal para a minha contratação, não ter ido para a frente).

Sobrou para mim.

Desde esse dia (meados do mês de Março) e hoje já foram dispensados uns 20 trabalhadores daquela empresa. Ao que parece, actualmente, aquele open-space que me acolheu lá para os lados de Harburg, mais parece um espaço fantasma (segundo relatos de ex-colegas com quem mantenho contacto).
A verdade é que o trabalho envolvido no tal projecto não era muito. Digamos que foram vários os dias que passei naquele open-space a contar as horas para ir para casa. Sim, sim… Também eu pensei que era o sonho de qualquer um: passar quase 8 horas num local com acesso à Internet e no fim do mês pingar um salário de... Vá, de respeito :)
Acreditem, não é.

Tinha decidido, mesmo antes de receber a “tal carta”, que se a minha situação no trabalho não se alterasse (se continuasse naquela pasmaceira) que iria mesmo pedir a demissão e ir à minha vida. E até já sabia qual era o caminho que quereria abraçar: energias renováveis.

E assim, foi: fui despedida e passado um mês estava a tratar da papelada para fazer, mais uma vez, formação profissional. Decidi pela formação em energia solar e energia eólica.

Meses passaram-se até eu ter em mãos o certificado (da formação) que precisava para colocar no CV e que iria apresentar às empresas aquando da minha candidatura.

“Meses passaram-se”… Escrito assim até parece que foi coisa fácil… Passo a explicar o que se passou durante esse tempo: dois meses de formação na língua alemã :) incluindo apresentações dos projectos desenvolvidos nas aulas; aperfeiçoamento do CV em alemão; aperfeiçoamento da carta de apresentação em alemão; preparação de um flyer com o meu CV (merece um post); preparação de cartões de visita; estudo das empresas no mercado das energias renováveis; candidaturas; espera pelas respostas das empresas às minhas candidaturas; ah! E espera pelo fim do subsídio de desemprego :S
Falemos em números: SEIS meses passaram.

É um processo de aprendizagem, principalmente sobre a nossa pessoa: Quem somos? O que procuramos? O que nos faz sentir feliz num trabalho? O que não aceitamos de certeza?
Aprendi que é necessário responder a várias perguntas como estas. Porém, é essencial que sejamos honestos connosco, porque se não acreditarmos no que pensamos saber sobre nós, nenhuma empresa acreditará ao ponto de nos oferecer trabalho. Ou, se acreditar, mais cedo ou mais tarde perceberão que a pessoa que contrataram não é aquela que esteve na entrevista.

Duas entrevistas, duas propostas interessantes de trabalho.
A decisão já foi tomada pela minha parte e começarei em Novembro a dimensionar torres eólicas aqui, em Hamburgo.
Nunca pensei que o processo para arranjar trabalho fosse tão rápido… Mas consegui, mesmo em boa hora já que o subsídio de desemprego acaba este mês!

(in O blog que já devia ter sido escrito, 14/10/2010) 

Carta ao Bernardo

Caro Bernardo,

obrigada pela visita ao blogue "ainda-vou-a-tempo".

Realmente "isto" não anda fácil para arranjar emprego, em qualquer que seja a área. Há muito que não actualizo o blogue decentemente, mas como deve ter percebido enveredei pelo caminho das energias renováveis. Não sei se foi boa aposta ou não, veremos qual será o resultado.

Nunca trabalhei aqui na Alemanha numa construtora nem em qualquer empresa de projectos de edifícios. Trabalhei sim, num projecto de investigação da área da construção, que nada tinha a ver com o que fazia em Portugal (direcção de obra).

O que poderei dizer a quem quer tentar a sorte lá fora?... Sinceramente não sei. Eu própria ando a tentar perceber quais os caminhos que devo percorrer. E não tenho tirado grandes conclusões, mas posso relatar "pequenos factos" que tenho visto por aqui. É um facto que, por aqui, em Hamburgo,

1. Arquitectos, físicos, engenheiros, técnicos especializados, informáticos, etc., alemães, estão desempregados (que dirão os estrangeiros?).

2. A oferta de trabalho, nesta altura, é grande. Setembro, Outubro e até Novembro, são bons meses para procurar emprego por aqui, porque as empresas procuram equipas para projectos que começam no início do ano.

3. A PROCURA é, porém, também enorme: arquitectos, físicos, engenheiros, técnicos especializados, informáticos, etc... Todos com formação superior :) Ou seja, ser-se licenciado é sempre uma vantagem, mas não somos os únicos... Longe disso!

4. Para além de pessoas com diplomas de ensino superior, encontra-se muita gente com formação extra profissional. Ou seja, o patamar de formação dos candidatos é tão elevado, que se torna muito competitivo o mercado de trabalho.

5. Mas, desengane-se quem pense que a experiência profissional especializada é muito melhor e a tábua de salvação: técnicos especializados, informáticos e até gestores de projecto com 10 e 15 anos de experiência, estão desempregados e à rasca para encontrar trabalho...

6. Alemanha continua a ser o "motor" da Europa, mas não tem qualquer problema em fazer "Offshoring".

7. A língua pode ser um entrave para um estrangeiro conseguir um emprego.

A realidade é dura. O único conselho que dou (quem sou eu para dar conselhos...?????) é procurares saber quem tu realmente és, procurares caminhos arrojados, diferentes, inteligentes, enfim, procurar ser melhor que todos os outros. Há de certeza um lugar para ti. E para mim ;) !

Não tenho qualquer contacto com empresas de construção de edifícios. Eu gostava de arranjar contactos a todos os que encontram o meu blogue, mas a verdade é que, como deves calcular, não está fácil... Nem para vocês nem para mim. Mas o importante é não desistir e como te disse, procurar ser... Diferente ;)

Ana

p.s.: aqui procuram exactamente a mesma coisa que em Portugal procuram há 20 anos: "recém-licenciado, com 5 anos de experiência, que domine 4 línguas" :D

(in O blog que já devia ter sido escrito, 04/10/2010)

Subsídio de desemprego vs Férias

Aqui fica mais uma informação para os desempregados na Alemanha :)

Informem-se sobre quantos dias de férias tem direito durante o tempo em que estão a receber dinheiro do fundo de desemprego.
Pode acontecer que andem para aí a marcar férias na Tailândia e Portugal, e que os dias de férias a que tem direito, pelo Instituto de Emprego, não cheguem para tanta "Vacances" :S
Ninguém vos impede de viajar para onde quer que seja! Mas o dinheiro a que tem direito é apenas referente aos dias de férias definidos pelo instituto.

p.s.: se quiserem arriscar e não informar nada ao Instituto de Emprego sobre as férias, tipo "vou ali a Pt só beber um cafezinho e volto já!", isso é lá com vocês. Mas "shit happens"... E de duas uma, ou não haverá seguro que vos assegure, ou terão de devolver o dinheiro ao Instituto de Emprego que até já usaram :/


(in O blog que já devia ter sido escrito, 06/07/2010)

Esqueçam tudo o que leram!

Esqueçam tudo o que leram neste blogue sobre "como arranjar emprego"... Isto e isto ultrapassam-me. Mas não me fazem desistir :D

(in O blog que já devia ter sido escrito, 03/07/2010)

Aprender a língua do país que nos acolhe

Hoje escrevo sobre aprender a língua do país que nos acolhe quando lá pretendemos viver, com base na minha experiência pessoal.

Logo na minha primeira semana em Hamburgo comecei a frequentar um curso de alemão intensivo, o chamado curso de integração para emigrantes sobre o qual referi aqui e aqui. Devo dizer que foi a melhor coisa que fiz quando para aqui vim morar: aprender alemão de raiz. Eu não sabia nada de alemão e isso revelou-se uma vantagem para mim: não tinha quaisquer "erros vincados" que se tornam complicados mais tarde de corrigir. Foi como voltar para a escola primária! A duração normal de um curso deste tipo é de 6 meses. No final desse tempo é suposto estar-se apto para fazer o exame que dará o tal Zertifikat Deutsch (se se passar, é claro). Como ainda não me sentia segura em relação ao alemão que falava, acabei por frequentar as aulas por mais um mês e, passado outro, fazer o exame. Passei.

Terminado o curso de integração para emigrantes continuei a aprender mas no Goethe Institut (o Instituto Camões cá do sítio) como contei aqui. Foram mais seis meses de aprendizagem, 3 aulas por semana de hora e meia em horário pós-laboral. Passado esse tempo, os 250€/mês começaram a pesar na carteira. Acabei por mudar para uma escola mais baratinha apenas a frequentar uma aula por semana. E lá continuo. Até hoje. Aliás, até Julho!

Voltando um pouco atrás, dois meses depois de ter chegado à Alemanha, conheci a K. com quem comecei a fazer "Tandem". Tandem, como já vos expliquei aqui é uma forma que duas pessoas têm de trocar conhecimentos. No meu caso e no da K. os conhecimentos foram as línguas alemã e portuguesa, respectivamente. Ainda continuamos a encontrar-nos uma vez por semana para falarmos a tal horita "só em português" e de seguida a horita "só em alemão". Durante estes três anos de Tandem nasceu entre mim e a K. uma grande amizade. Podem não acreditar, mas nós ainda hoje fazemos Tandem!
Esta forma de aprender ajudou-nos bastante pois criou uma relação de confiança entre ambas. Sem stress e sem o medo de errar e sermos ridicularizadas :P (como pode acontecer quando se está em grupo) temos evoluido bastante. Não é para me gabar, mas a K. está a falar muuuuuito bem português. E ela estava no mesmo patamar que eu quando começámos (não esquecer que ela não vive em Portugal).

Neste momento observo a minha estante e conto quinze livros em alemão, entre os quais, dez encontram-se lidos. Como qualquer pessoa, comecei pelos livros para criança que são no total oito :P. No início da aprendizagem não há outra hipótese senão ler livros infantis. Porém, com o tempo começa-se a "querer mais". No meu último aniversário recebi um livro de uma professora de alemão, "Die Entdeckung der Currywurst", que já foi começado, mas rapidamente abandonado. Mas ainda não desisti! Tenho esperança de um dia recomeçar a sua leitura. Quanto a revistas, posso aconselhar esta.

Falar em alemão, mesmo quando se tem a oportunidade de falar em inglês, é importante. Obviamente que depende muito das situações. Por exemplo, quando se está longe de casa, da família e dos amigos, muitas vezes o que precisamos é de desabafar e é muito importante que o façamos numa língua em que temos a certeza que nos entendem. Ainda hoje quando converso com a minha melhor amiga alemã :D acontece "escorregarmos para o inglês", mesmo ela falando tão bem português como fala, e eu o alemão que falo.
Há palavras que descrevem sentimentos, sobre os quais quero contar logo, e que não podem esperar que encontre em alemão as palavras "mais parecidas" com aquilo que quero dizer. Imaginem: a lágrima ao canto do olho que deveria ser de tristeza por algo de mau que me aconteceu e que quero partilhar, transforma-se em lágrima de raiva e frustração porque ninguém está a perceber puto do que quero contar! (Puf...! Finalmente esses tempos já lá vão.)
Em situações destas, quero lá saber o português, quero lá saber do alemão. Quero é que ela entenda o que estou a sentir! E daí o uso do inglês.

Ah! "The last but not the least": abrir o círculo de amigos a todos, que no caso de se viver na Alemanha, convém que inclua alemães :). Pode ser tendencial que um emigrante acabe por se rodear apenas por aqueles que falam a sua língua materna, com quem se sente à vontade, portanto. Óbvio. Para mim é claro o porquê deste comportamento. A língua é uma ferramenta que quem não a tem não pode usar para se exprimir, para conversar (como já falei aqui). No meu/nosso caso, a vida foi sempre preenchida com amigos de todos os cantos do mundo. Sempre fomos assim e acho que nada mudará esta nossa maneira de ser que na verdade só nos tem trazido alegria. Nem que seja a alegria de partilhar a vida nas diferentes perspectivas dadas por essas pessoas.

Posso concluir que até me tenho esforçado bastante para aprender e continuar a comunicar em alemão. Estou tranquila comigo mesma em relação a este assunto. Claro que existem 1001 maneiras de aprender uma língua. Eu procurei as que senti adequarem-se mais a mim. Tem sido 3 anos de aprendizagem constante. Não tem sido fácil, mas o que eu obtive (e ainda vou obter) dessa ferramenta (o conhecimento da língua alemã) permitiu-me passar por várias portas. Fossem elas a nível profissional ou pessoal.

Se dá trabalho aprender uma nova língua? A mim deu. Se dá gozo? Houve alturas em que sim e outras em que não.
Se valeu e vale a pena? :) Esta é fácil: SIM.

(in O blog que já devia ter sido escrito, 23/06/2010) 

O despedimento

Criei este blogue para servir aqueles que pensam em emigrar para a Alemanha. Para dar a conhecer um pouco mais como as coisas funcionam tomando como base a minha experiência pessoal. Esse continua a ser o meu objectivo e com este post pretendo falar sobre despedimento :)

Já foi há algum tempo, exactamente três meses, que fui despedida.
A sensação de ter "dar tempo à casa" não era nova para mim. Porém, desta vez, não fui eu que escolhi sair da empresa. O ter de continuar a trabalhar na empresa mesmo depois de ter sido despedida foi o que mais me custou. É uma mistura de quero ver-me livre disto o mais rapidamente possível! com um e não posso pois tenho de aqui ficar mais um mês!.

A crise não está só em Portugal :) nem nos PIGS (continuo a achar que se deveria considerar PIGUKS...). Por aqui as coisas não andam famosas. Desde que saí da empresa já foram "dispensados" mais cinco. Mas, como eu sempre disse, as empresas não podem parar, mesmo em tempo de crise, e haverá sempre quem esteja à procura de pessoal para trabalhar. E falo de empresas que fazem girar a economia mundial :) E é por isso que, mesmo tendo sido despedida em tempo de crise, sei que em breve tornarei a ter emprego.

Foi assim:

1. Tive uma reunião com o meu chefe onde me foi informado de que iria ser dispensada. Tive de assinar nessa mesma reunião um documento em que dizia que eu tinha sido informada. Fui informada com seis semanas de antecedência;
2. A rescisão de contrato / o novo contrato (de 5 semanas) pôde ser lida com calma em casa, antes de eu a assinar. Deu-me a oportunidade de verificar se constava algo com o qual não concordava. Estava tudo OK;
3. Como tinha contrato até 2011, tive direito a uma indemnização, que no meu caso constou aprox. de um salário líquido (este é um valor normal mínimo aplicado hoje em dia);
4. Tive direito a carta de recomendação (aliás, a empresa é obrigada a fornecer essa carta).

Ponto 1. e 3., rescisão de contrato: desengane-se aquele que pensa que a existência de um contrato o protege de uma situação de despedimento. Se não houver trabalho para o trabalhador desempenhar na empresa, a empresa tem mais do que justificada a sua decisão :) Mesmo na Alemanha.

Ponto 4., a Carta: esta ao ser escrita rege-se por uma série de regras que codificam, no próprio texto, o desempenho do trabalhador na empresa. Cada frase significa uma avaliação num aspecto qualquer do trabalho desenvolvido pelo trabalhador. Por exemplo, tem de constar no fim do texto algo como "temos muita pena por perdermos uma trabalhadora como a Ana. Agradecemos à Ana o bom trabalho desenvolvido na nossa empresa, e desejamos-lhe toda a felicidade e êxito tanto na sua vida profissional como particular". Se esta frase não aparecer numa carta de recomendação significa que o trabalhador não é recomendado :) Aqui, p.ex., encontram-se as regras.

p.s.1: Se saíres da empresa, sai de forma a deixar a "porta entreaberta". Nunca se sabe quando te irás cruzar novamente com a empresa que te despediu ou até mesmo com os colegas com quem trabalhaste. Sair "a bem" é meio caminho andado para encontrares um novo trabalho, pois TUDO SE SABE. Não esquecer das redes sociais existentes na internet. Antigamente verificava-se a informação com um telefonema. Hoje em dia vai-se à internet e TUDO se encontra. Para não falar de que a Europa e até mesmo o mundo encolheram de uma maneira assustadora. Ou melhor, hoje em dia (como diria Thomas Friedman) "The world is flat" ;)

p.s.2: É preciso estar de olho aberto e identificar à nossa volta as oportunidades. Elas estão lá para as agarrarmos. Basta nós querermos! ;)

(in O blog que já devia ter sido escrito, 16/06/2010)

Mais um capítulo...

...que se fecha na minha vida.

Foi um ano bom. Recebi bem, conheci pessoas maravilhosas, aprendi, desenvolvi como pessoa e como profissional.

Agora? Venha o próximo capítulo!

(in O blog que já devia ter sido escrito, 30/04/2010)

Carta ao João

Olá, João!

Bem, se sentes que precisas de mudar de vida, então força nisso! Se é isso mesmo que queres, terás de te concentrar nessa mudança: pesquisar, procurar, ler muito, estar atento ao que se passa ao teu redor / mundo.
Fico contente por saber que o meu testemunho no Mind this Gap não só entusiasma os leitores, jovens (a ti!!), que sentem que querem mudar de vida, mas que também dá forças a muitos para prosseguir nessa direcção, até o concretizarem!

Esta conversa toda é para te dizer o seguinte: eu não te vou dizer quais são as empresas que estão à procura de pessoal, pois como deves saber, a "crise" está aí. Neste momento, por todo o mundo, as empresas estão a "dispensar" pessoal, incluindo as alemãs. A ideia de que existe emprego para gente qualificada estrangeira, continua a existir, MAS não é para "qualquer" um! O mercado de trabalho aqui é muito competitivo e também está saturado. Vê se entendes o que te quero dizer com "qualquer um". "Qalquer um" significa: "Ah! E tal, eu gostava de ir trabalhar para fora. Há por aí alguém que saiba de algum emprego?!".

Tens de te mostrar "especial", "forte", "diferente". Se o fores não terás dificuldade em arranjar trabalho, por ti, aqui na Alemanha, na China ou até mesmo em Portugal. A crise está aí, mas o mundo continua a girar e a precisar de trabalhadores, e haverá sempre empregos, mas obviamente que as possibilidades de encontrá-los diminuíram.

Claro que se ouvisse dizer que alguma empresa estaria neste preciso momento à procura de "engenheiros civis portugueses", teria todo o gosto em to dizer. Mas como deves calcular, isso, eu não oiço.

Se leste o meu testemunho do Mind this Gap, deves também ter ido parar ao meu blogue, nomeadamente a este post onde tenho bastantes informações para jovens como tu que querem tentar uma vida profissional fora de Portugal.

Para outras informações, relacionadas com dinheiros e impostos, tens este:
http://rafaheiber.blogspot.com/2007/08/impostos-na-alemanha.html

Presta atenção:
(e sim, vais-me achar uma "bitch", mas como diriam as chatas mas experientes pessoas de idade, "um dia vais-me agradecer por eu te ter dado este chuto no traseiro...")
VAI À LUTA! Mostra o que existe dentro de ti, o que nós portugueses somos capazes a nível profissional (e te garanto que não ficamos atrás de ninguém), vence por ti e no fim respira e diz para ti mesmo: CONSEGUI!

Da minha parte, só te posso desejar TODA a sorte do mundo! E sim, estou disponível para responder a perguntas que te poderão surgir. Opá, mas não me venhas com perguntas (como eu já recebi) do género: "não me arranjas emprego na tua empresa?", "é verdade que o estado alemão financia estrangeiros para trabalhar aí?", "e quanto é que achas que irei pagar de impostos?", "e já agora podes fazer-me as contas de quanto é que eu precisarei para viver aí?", etc, etc, etc... (sinceramente, começo a ficar sem paciências para este tipo de textos). Para pessoal com uma certa "estrelinha dentro de si", eu sou a gaja mais porreira do mundo, e dou todo o meu apoio. E eu "consigo cheirá-los de longe!" Agora, pessoal melga, à espera que os outros batalhem por eles, na-na-ni-na-não!! :)

Bjs

(in O blog que já devia ter sido escrito, 16/01/2010)

Atalhos vertiginosos da lucidez

Um texto que encontrei no blogue referido no título deste post. Fantástico este esclarecimento sobre "contas à vida na Alemanha". Eu não faria melhor!

Para os interessados, aqui fica:
http://rafaheiber.blogspot.com/2007/08/impostos-na-alemanha.html

(in O blog que já devia ter sido escrito, 02/11/2009)

Carta ao Miguel

Olá, Miguel!

Sobre o quereres vir para a Alemanha trabalhares, existe uns quantos assuntos que deves ter em atenção.

O ideal é arranjares aí o trabalho e depois vires para cá. Nesse caso tens tudo na mão. O que te aconselho é tratares de escrever BEM o teu CV, bem como a carta de apresentação. Aconselho mesmo a consultares um profissional. Tem em atenção que aqui terás mais hipóteses se a tua carta for de "um futuro líder". Nós tugas, crescemos a ouvir os outros dizerem que não valemos nada, pois também eles cresceram assim, a ouvir isso deles (Ah! E claro a ouvir dizer que ser-se "Chico-Esperto" é que é bom... Enfim... ). Devemos ser o povo com a auto-estima mais em baixo que eu conheço! A consulta a um profissional de recrutamento de mão-de-obra vai ajudar-te a definir o teu perfil profissional e a poupar-te muito tempo! Não na carteira, a curto prazo, mas sim a longo prazo.
O importante é tu começares a "tornar-te visível" no resto do mundo. Procura sites de recrutamento e põe o teu CV on-line. Mas um CV BEM ESCRITO, SEM ERROS, DIRECTO, 2 PÁGINAS no máximo, e mais o que o profissional te disser :) Foi num destes sites que me encontraram!
Muito importante: o ideal era inscreveres-te nos sites do país para onde queres ir. De preferência na língua deles, claro. Se não, coloca mesmo na língua inglesa (aqui começa logo a dificuldade em conseguir perceber o que pretendem, se não souberes a língua. Mas é assim mesmo, o mercado de trabalho internacional. Mostra o que vales e mostra que consegues ultrapassar essa primeira dificuldade).

Se estás a pensar em fazer as malas e vir na mesma sem trabalho, pensa duas vezes! Por várias razões: a crise já chegou aqui, sim, e veio com força! Neste momento um colega meu engenheiro electrotécnico da minha empresa, passa os dias à espera que lhe arranjem projectos. Ele vai todos os dias para a empresa e passa o dia na net, à espera... Não está fácil. Muitas grandes empresas estão MESMO à rasca.
Porém também aprendi que as grandes empresas estão sempre à procura de pessoal, mas não de "carne para encher chouriço". Procuram pessoas especiais (como eu, como tu...) que mostrem algo diferente e bom, pois a crise veio para ficar e eles querem pessoas inovadoras, capazes de fazer frente a uma crise.

Não sei qual é a tua área profissional, mas o que sei é na área da eng. civil (que é a minha). Se a tua experiência é em direcção de obra de edifícios, e não falas a língua, esquece... Tens de mentalizar-te de que aqui, para esse lugar, não te safas. Se for na área de projecto, já tens bastantes hipóteses, falando inglês, claro.

Ainda sobre o caso de estares a pensar em fazer as malas e vires sem nada: atenção à assistência médica! Se já trabalhaste, a partir do dia em que deixas o trabalho tens direito a 6 meses de "caixa", em qualquer país da UE. Depois dos 6 meses estás por tua conta. Ainda não estamos como nos EUA que te deixam à porta do hospital a morrer se não tiveres seguro, mas não será agradável no fim do tratamento receberes uma conta exorbitante para pagares.
E pensas tu: "Hiii... 6 meses são mais do que suficientes para arranjar emprego!". NÃO, PODEM NÃO SER. Isso pensava eu... :) Tens vários entraves: língua (o mais importante de todos), experiência profissional (que pode ser completamente diferente do que se faz em Portugal), custo de vida, e estares sozinho numa terra em que preferem fechar-se em casa do que ir conviver depois do trabalho.

Bom, para terminar: faz o Trabalho de Casa. Lê bastante sobre este tema, procura bem na net e não falhes às recomendações que os sites de recrutamento te dão.
E se for para vires para fora, é para vir com tudo! É fortíssima a concorrência e é preciso saber mostrar o que de melhor temos! A meu ver é tudo uma questão de auto-estima portuguesa... Ainda não confirmei com ninguém esta minha teoria :P Ah! E um pouco de sorte. Mas essa, já não controlamos :)

Muito boa sorte!


(in O blog que já devia ter sido escrito, 22/05/2009)

Carta ao Nelson

Olá, Nelson!

Mas que bom, que vamos ter mais um tuga por terras de Hamburgo. Não podias ter sido melhor colocado!

Se não te importares, então, gostava de te fazer umas perguntas :).
Não me importo nada, tomara eu que na altura tivesse feito o mesmo :D  

Estou um bocado preocupado com a minha habituação
Vais estar na cidade alemã ideal para um tuga: diz-se que é a "cidade alemã mais portuguesa". Tens pastelarias, restaurantes, supermercados com produtos portugueses e até missa em português! Somos uma comunidade muito bem integrada aqui. Ser-se português é quase como ter um "visto de bom atendimento".
 
da socialização
É importante vires com "mente aberta" para te integrares e isso só consegues se te quiseres dar com todos, ou seja, independente da nacionalidade. Aqui, não vale fechares-te na comunidade portuguesa! Se não acabas por te sentir em Portugal... Tipo, controlado :P  

e do clima
Hii.... Más notícias: não é como Londres, mas aqui chove bastante e faz frio. A neve, aguenta um dia e depois derrete :S Mas quando está sol, torna-se muito bonita, a cidade...  

É difícil criar laços com os alemães?
Tudo depende de ti! Conhecemos bastantes alemães da nossa idade e são impecáveis! Os mais velhos são um pouco rezingões, mas o pessoal novo é muito fixe.

informações relativas a alojamento
O meu namorado, na altura, não teve de tratar de nada, pois estava integrado no programa Leonardo da Vinci. Ficou na residência de estudante, que é o melhor! E era uma pechincha: 200€, se não me engano. Mas um quarto pequenino...  

Vou dispor de cerca de 1400 euros por mês para sobreviver. É suficiente?
Mais do que suficiente! Com isso sobrevivemos nós os dois, no início desta aventura, e deu! E só ele é que trabalhava, pagando por uma casa de 50 m2 :D 600€ por mês (já estou a incluir água, electricidade e net). Procurar casa, não é fácil por aqui, aviso já! Pede para te arranjarem lugar na residência de estudantes. Senão, vai ser uma dor de cabeça. Andámos um mês à procura de apartamento!  

Vou precisar de trabalhar num part-time para viver em Hamburgo?
Nada disso! Só se fores um bebedolas e andares na noite todo o tempo! Nós damos-te umas dicas, onde comer bem, e baratinho :P

Finalmente, sabes que cia. de aviação disponibiliza os melhores preços para qualquer cidade de Portugal continental?
Nós voamos sempre com a TAP. É das mais baratas e tem a vantagem de que é directo, o voo. São 3 horas de viagem que, se for na direcção de Portugal, poupas uma hora (fuso horário), e é espectacular. Ah! E dão comidinha quente. Já apanhei bilhetes da TAP a 110€ (pechincha, para o serviço que é) como também já paguei 250€. Depende das alturas, mas o ideal é procurares sempre com alguns meses de antecedência! A publicidade que fazem aqui é que há voos desde 99€, mas ainda não apanhei nenhum assim. Ah! Não te esqueças de trazer fotos tipo passe. Vais precisar para o passe de transportes públicos. É que é uma chatice perceber quais são as medidas que os gajos usam aqui...

Ok, acho que é tudo.

(in O blog que já devia ter sido escrito, 22/05/2009)

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Bem-vindos!

Ah! Mas este blogue é, sobretudo, uma descrição de vivências vividas e não uma lista de "Do's and dont's".