terça-feira, 12 de julho de 2011

Carta ao Marco

Olá, Marco!

E eu, antes de mais, quero agradecer-te pelo mail que envias, sem qualquer pergunta do género "como é que se arranja um trabalho na Alemanha?". É que 90% dos mails que recebo são com esta "pergunta simples" (como alguns até me escrevem).

Admiro-te por teres ido, e decidido pôr de lado (por enquanto ;) ) o canudo da universidade.

É triste chegarmos a este ponto em que pessoal com formação superior, para se aguentar, tem de pôr o canudo de lado. E não falo só no pessoal português, mas em geral.

Também os alemães estão a chegar lá, "ao ponto", de uma forma diferente: nunca veremos um engenheiro civil alemão a ter de aceitar um trabalho de servente para ganhar dinheiro, veremos sim, a preferência das empresas por um engenheiro civil português em vez de um alemão. Já referi aqui, neste blogue, que a formação académica de um engenheiro civil alemão, está cada vez mais "pobre", resultado dos cursos serem cada vez menos exigentes (palavras do meu antigo chefe alemão e, já agora, do partido da Sra. Merkel. Ou pensam que é só em número que somos precisos?). Muito menos exigente do que nas universidades portuguesas (por enquanto!). E essa é, realmente, a nossa arma. Também caminharemos para a situação alemã, em que os nossos postos de trabalho (engenheiros civis) em Portugal serão ocupados por engenheiros de outros pontos do mundo (como já acontece em outras áreas). Ainda lá não chegámos. Mas chegaremos!

Enquanto isso não acontece, há que aproveitar as brechas / oportunidades que aparecem, e continuar a ocupar os lugares que os engenheiros alemães não conseguem ocupar. Pelo menos, até se dar a Revolução da Geração à Rasca, em versão Deutsch. Até lá, enquanto eles andarem entretidos com formações profissionais e subsídios de desemprego, toca a aproveitar! Porque esta "mama", que anda a secar há já uns anos, vai acabar de vez!

Coitados dos meus putos quando perceberem que também a geração dos seus pais lixou a deles...
Mas isso, deixa-se para pensar depois, como temos vindo a fazer há pelo menos 50 anos em Portugal. É que a Esperança Lusitana tarda em morrer. E enquanto houver Esperança...

Felicidades e toca a desenvolver esse alemão ;)

(in O blog que já devia ter sido escrito, 28/03/2011)

Nenhum comentário:

Postar um comentário