Ainda antes de receber a carta de despedimento, já me “cheirava” que a tal crise
iria sobrar para mim: o trabalho envolvido no projecto de investigação onde
trabalhava não justificava as duas pessoas, eu e a minha colega. Uma de nós,
mais cedo ou mais tarde, iria ser dispensada (para além da empresa de construção
que estavam a tentar criar, motivo principal para a minha contratação, não ter
ido para a frente).
Sobrou para mim.
Desde esse dia (meados do
mês de Março) e hoje já foram dispensados uns 20 trabalhadores daquela empresa.
Ao que parece, actualmente, aquele open-space que me acolheu lá para os lados de
Harburg, mais parece um espaço fantasma (segundo relatos de ex-colegas com quem
mantenho contacto).
A verdade é que o trabalho envolvido no tal projecto não
era muito. Digamos que foram vários os dias que passei naquele open-space a
contar as horas para ir para casa. Sim, sim… Também eu pensei que era o sonho de
qualquer um: passar quase 8 horas num local com acesso à Internet e no fim do
mês pingar um salário de... Vá, de respeito :)
Acreditem, não
é.
Tinha decidido, mesmo antes de receber a “tal carta”, que se a minha
situação no trabalho não se alterasse (se continuasse naquela pasmaceira) que
iria mesmo pedir a demissão e ir à minha vida. E até já sabia qual era o caminho
que quereria abraçar: energias renováveis.
E assim, foi: fui despedida e
passado um mês estava a tratar da papelada para fazer, mais uma vez, formação
profissional. Decidi pela formação em energia solar e energia
eólica.
Meses passaram-se até eu ter em mãos o certificado (da formação)
que precisava para colocar no CV e que iria apresentar às empresas aquando da
minha candidatura.
“Meses passaram-se”… Escrito assim até parece que foi
coisa fácil… Passo a explicar o que se passou durante esse tempo: dois meses de
formação na língua alemã :) incluindo apresentações dos projectos desenvolvidos
nas aulas; aperfeiçoamento do CV em alemão; aperfeiçoamento da carta de
apresentação em alemão; preparação de um flyer com o meu CV (merece um post);
preparação de cartões de visita; estudo das empresas no mercado das energias
renováveis; candidaturas; espera pelas respostas das empresas às minhas
candidaturas; ah! E espera pelo fim do subsídio de desemprego :S
Falemos em
números: SEIS meses passaram.
É um processo de aprendizagem,
principalmente sobre a nossa pessoa: Quem somos? O que procuramos? O que nos faz
sentir feliz num trabalho? O que não aceitamos de certeza?
Aprendi que é
necessário responder a várias perguntas como estas. Porém, é essencial que
sejamos honestos connosco, porque se não acreditarmos no que pensamos saber
sobre nós, nenhuma empresa acreditará ao ponto de nos oferecer trabalho. Ou, se
acreditar, mais cedo ou mais tarde perceberão que a pessoa que contrataram não é
aquela que esteve na entrevista.
Duas entrevistas, duas propostas
interessantes de trabalho.
A decisão já foi tomada pela minha parte e
começarei em Novembro a dimensionar torres eólicas aqui, em Hamburgo.
Nunca
pensei que o processo para arranjar trabalho fosse tão rápido… Mas consegui,
mesmo em boa hora já que o subsídio de desemprego acaba este mês!
(in O blog que já devia ter sido escrito, 14/10/2010)
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